


lookbook.nu
o retorno.
Tenho sentido uma dormência estranha esses dias, tenho dormido muito, mal, mais do que o normal, uma porrada de sonhos estranhos, conversas intermináveis a noite inteira, DR sem fim, com amigos, os que não são, e até estranhos que nunca vi na vida, acordo de manhã confusa sem saber se aconteceu ou se sonhei, dos meus sonhos recorrentes tenho tido com muita frequência aquele que sonho com mar, ondas gigantes, e eu encurralada entre as ondas e grades que aparecem sem motivo ou sentido algum, não tenho escapatória só me resta encarar as ondas, no sonho eu sei que elas vão passar, sei que só duram um determinado tempo então eu só preciso segurar firme nas grades, grades essas que embora sejam o motivo de eu não poder fugir acabam servindo para me salvar, depois de um tempo tudo se acalma, tudo sempre se acalma.
Desculpe meu bem
Mas são essas bases que me sustentam e mantém meus dois pés fincados no chão.
Não tenho luz além dessa que me entra pela janela, nem dor maior que a que sinto no estômago.
Nasci como todo mundo nasce e cresci sem grandes historias, não tenho nada além dessa melancolia que me é companhia desde que nasci e segundo os astros, aqueles das revistinhas, será companheira eterna.
Afasto todos que me amam pela minha felicidade, mais ainda pela minha dor, não sou personagem de Manoel Carlos muito menos de novela mexicana, não vivo apenas pra ter historias pra contar, das mais importantes só as conto pra mim e mais ninguém, meu silêncio é ouro, cada gota que sai do meu corpo também, não conto gotas, essas são migalhas, prefiro enchente, tempestade.
Tudo que tenho são lembranças, lembrança que lembra cheiro, que lembra gosto.
Cuspo sangue, sangue esse que me ensina como é morrer e continuar vivendo.
E sigo.